Verão macaubense: dengue e esgoto a céu aberto.



Por Mateus Christian


Todo mundo tem pavor de ficar doente e se tratando de dengue, então, o medo aumenta consideravelmente. A fórmula para evitar essa moléstia está na boca do povo: “Não se pode deixar água parada!”, mas, mesmo com todo o medo e com as precauções tomadas, a dengue continua a ser muito frequente na cidade de macaúbas. Você sabe o porquê disso? Já observou que o começo do ano vem sempre acompanhado de dengue em nossa cidade?

Segundo dados que a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) divulgou, em 2019, o município de Macaúbas se encontra em terceiro lugar dos 55 municípios que estão em estado de alerta com relação à dengue, ficando atrás apenas de Feira de Santana e Salvador.

Veja bem que cenário preocupante: Macaúbas, uma pequena cidade do interior baiano, ocupa o TERCEIRO lugar em casos de dengue; Feira de Santana tem uma população 10 vezes maior e Salvador 40 vezes maior que Macaúbas, mas os casos de dengue se encontram em patamares muito similares em números absolutos, o que expressa um quadro alarmante da doença. Algo está muito errado nesse cenário. É preciso falar sobre dengue e orientar nossa população sobre os riscos dessa enfermidade.

Mas antes de qualquer coisa, é preciso entender: O que mesmo é a dengue?

Segundo o Ministério da Saúde, dengue é uma “doença viral transmitida por mosquitos que ocorre em áreas tropicais e subtropicais”. Em linhas gerais, a dengue é causada por um vírus do grupo arbovírus e é transmitido pelo mesmo mosquito da febre amarela urbana, o Aedes aegypti. O mosquito da dengue também transmite a Chikungunya e o Zika vírus, o que torna o problema ainda maior.

A dengue é hoje uma das principais doenças reemergentes no mundo, estando em expansão desde a década de 1950. A dengue em sua forma clássica tem um início súbito e sintomas que podem durar de cinco a sete dias, apresentando sinais como febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor musculares, enjôos, vômitos, entre outros. Uma preocupação adicional com a dengue vem com um quadro mais grave da doença: a dengue hemorrágica que acontece quando a pessoa infectada com o vírus da dengue sofre alterações na coagulação sanguínea, nesses casos, se a doença não for tratada com rapidez, pode levar até mesmo a morte.

Uma vez entendido os riscos e quadro clínico da dengue, é preciso pensar nos motivos dessa alta incidência em nossa cidade. As explicações recaem sobre três razões fundamentais: o período de chuvas e de alta temperatura, a situação do saneamento básico e as ineficazes ações de promoção de conscientização popular.

Primeiramente, chuvas frequentes, com temperaturas elevadas e focos de água parada configuram um cenário ideal para o desenvolvimento da doença, uma vez que é nesse ambiente que o mosquito melhor se reproduz. Aí está o porquê do aumento dos casos desse problema no começo do ano em Macaúbas: as chuvas de verão, aliadas às altas temperaturas e somadas aos poucos esforços de controle do mosquito resultam na altíssima incidência da dengue no município baiano.

Além disso, essa moléstia apresenta um padrão altamente variável, sendo que os processos sociais e ambientais estão muito ligados à proliferação do vetor transmissor. Nesse sentido, temos o segundo motivo dos números preocupantes de dengue em Macaúbas: a falta de serviços como o abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de resíduos sólidos favorece a proliferação desse tipo de doença infecciosa. Para a ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental -, somente com políticas públicas que levem o saneamento básico para todo Brasil será possível se livrar das doenças causadas pelo mosquito da dengue.

Nessa mesma nota, a ABES destaca o papel revolucionário de um bom saneamento básico, inclusive para que o processo de conscientização da comunidade ocorra. Sem saneamento adequado, temos também, como problema adicional em Macaúbas, falhas nas atitudes conjuntas de conscientização, configurando, portanto, mais um motivo causador do aumento dos casos de dengue no município. Afinal, como é possível conscientizar uma população que padece com o esgoto a céu aberto, o mal cheiro e água suja parada?

É nesse quadro que a dengue se apresenta em nossa cidade: a doença se prolifera em meio a falta de saneamento básico adequado e alcança números alarmantes para uma população relativamente pequena. Estamos expostos e indefesos!

Mas o que pessoalmente podemos fazer? Enquanto o saneamento não vem, devemos criar uma rede de conscientização pessoal e evitar atitudes que ajudem na propagação da doença. Façamos isso por não deixar locais com água parada em nossas casas, por colocar areia nos vasos de plantas, por retirar água empoçada em pneus e recipientes e cobrindo caixas, piscinas e outros locais cheios de água. Além disso, é importante nesse período que se use telas em janelas e que se limpe calhas e telhados. Ainda na linha de prevenção, é sempre necessário ter cuidado com a forma e os locais de descarte de lixo. E é claro, na menor suspeita de dengue: busque orientação médica!



Comentários