A SAÚDE PÚBLICA ENFRENTA A COVID-19.

A SAÚDE PÚBLICA ENFRENTA A COVID-19

                                                                                                             Por Mateus Christian S. Carvalho


             Em tempos de isolamento social e, portanto, reclusão em nossos lares, informação séria e atual sempre será bem vida. E é essa a proposta que traz a nova edição do Brejo: Discutir a COVID-19 levando em consideração a realidade macaubense. Nesse sentido, mais do que nunca, precisamos refletir cabalmente quanto ao cenário de saúde pública que nos é apresentado, em todos os níveis: municipal, estadual e federal. Precisamos nos emponderar do fazer saúde afim de compreender os muitos obstáculos impostos sobre o sistema público de nosso país e os impactos que esses têm, sobre nossas famílias e nossa comunidade. É preciso, mais uma vez, pensarmos no coletivo e entendermos que saúde pública é assunto sério, que deve ser debatido amplamente.
               
            A crise provocada pela COVID-19 tem nos mostrado constantemente o quão vulnerável somos frente aos muitos e poderosos meios de moléstia. A bem da verdade, a arte médica ainda é limitada e, por vez, se vê indefesa quando o inimigo da vez é desconhecido pela comunidade cientifica. Não obstante, vale a máxima repetida por todos "Curar se possível, aliviar quando necessário, consolar sempre". De fato, a saúde pública e suplementar brasileira, por meio de sua equipe multidisciplinar, desempenha nesse momento um papel crucial nessa mais recente briga: é a linha de frente, são os que travam a guerra sem ou com poucas informações quanto ao inimigo.
             
             E é a partir dessa percepção que é possível identificar muitas limitações que embargam o serviço médico e seus afluentes. A ciência ainda precisa evoluir, o conceito de tratamento e reabilitação ainda precisa amadurecer e, mais do que tudo, é preciso apoio e colaboração para o fortalecimento de uma estratégia de saúde pública que permita um sistema verdadeiramente unificado, ativo, resolutivo e, sobretudo, democrático. A luta por um Sistema Único de Saúde que cumpra seu dever social não deve se limitar aos momentos de crise. É uma luta diária. Constante. Pensar em saúde pública de qualidade é entender que o binômio saúde e política andam de mãos dadas. Não há possibilidade de reclamarmos da fila do SUS, da falta de testes para a Covid-19 ou das limitações em UTI se continuarmos a dissociar política pública de saúde pública.

               Enquanto continuarmos a votar em quem não defende o SUS, continuaremos a penar pelos efeitos danosos de uma visão mesquinha e desumana, que prioriza a economia frente a vida. É possível, portando, entender agora a agitação nacional de uma minoria futurista e enfurecida quando, por meios escusos, aprovou-se a "PEC da morte", que congelava gastos em educação e saúde por 20 anos. Ou mesmo, entender o porquê do burburinho frente as atualizações na atenção básica propostas pela PENAB nos recentes governos direitistas, no qual desqualifica a importância de profissionais como os Agentes de Saúde, esses mesmos que hoje arriscam suas vidas e dos seus para proteger os mais vulneráveis de sua área adscrita.

               Entenda, não é legenda partidária que muda o mundo. É política pública. Essa que todos nós temos uma parcela de responsabilidade. Portanto, na medida de nossas formações, todos somos agentes do fazer saúde. O SUS é nosso. É uma conquista de uma guerra institucional que permitiu a criação de um Sistema baseado na equidade, universalidade e integralidade. Mas, o nosso voto tem permitido os recentes ataques a esse sistema. O não se importar com política séria tem deteriorado o serviço público que nos é oferecido. Em tempos de pandemia, é preciso, mais do que nunca, refletir em até que ponto nossas ações influenciam o meio. Em tempos de pandemia, é preciso pensar que a ciência ainda é vulnerável ao que não conhece. E apenas a política pública poderá fortalece-la. É preciso que lembremos que a saúde extrapola os muros dos hospitais. Ter saúde é ter protocolo de ação frente à crise. É ter esgotamento sanitário, água potável e garantia de alimentação adequada. Ter saúde é ter a garantia da dignidade humana respeitada.

               Pergunte-se: Há estrutura pública em nosso município para o enfrentamento dessa pandemia? E quanto a atuação das unidades de saúde da família da sede e zona rural, o atendimento é democrático e amplo? Há proteção dos direitos dos trabalhadores em saúde na nossa cidade? Há saneamento básico garantido à todos os munícipes? O conselho de saúde é atuante? É preciso enxergarmos essas reflexões em nossa realidade. Precisamos ser críticos quanto a políticas que beneficiam o nosso município. Só assim poderemos entender o valor de nossas escolhas e de nossas opiniões.

               Por tudo isso, não defender e fortalecer o SUS é tão perigoso quanto contrair esse vírus potencialmente letal.  Afinal, para a moléstia, há a cura, o alívio ou o consolo. Mas para o descaso, o que pode ser feito? Até que ponto um sistema de saúde precarizado pode ser resolutivo? Até que ponto a grande maioria da população pode ter sua saúde protegida?

              Usemos esse triste momento em que nos encontramos para aguçar o nosso poder reflexivo a fim de mudar a realidade de nosso sistema de saúde. Mas, por hora, façamos uma ação em prol de muitos. Agora é preciso que todos fiquem em casa.




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