Desigualdade Social e Educação em Tempos de Pandemia
Por Maria Santos*
A pandemia provocada pelo novo Coronavírus – COVID-19 – nos traz uma reflexão sobre a sociedade em que vivenciamos: o contexto das desigualdades sociais que vem à tona nessa crise nos faz perceber a dimensão dessa realidade.
Ao tratarmos das desigualdades sociais é inevitável o impacto destas na Educação, principalmente em tempos de pandemia. O isolamento social, como principal medida de prevenção, tem mantido estudantes e professores longe dos espaços escolares, levando-os a conviver com uma realidade em que todas as relações se voltam para o espaço da casa, para o seio familiar.
Ao tratarmos das desigualdades sociais é inevitável o impacto destas na Educação, principalmente em tempos de pandemia. O isolamento social, como principal medida de prevenção, tem mantido estudantes e professores longe dos espaços escolares, levando-os a conviver com uma realidade em que todas as relações se voltam para o espaço da casa, para o seio familiar.
Neste sentido, a suspensão das
atividades escolares, por conta da pandemia, torna evidente alguns conceitos
como: casa, família, educação e desigualdade. Isso nos mostra o quanto uma
possível proposta de educação por meio do Ensino à Distância (EaD) contribui
para o aumento das desigualdades, considerando que grande parte dos estudantes
não tem acesso aos meios necessários para a efetivação dessa modalidade de
educação. Às vezes, os estudantes não disponibilizam sequer de meios essenciais,
indispensáveis na educação presencial, como o livro didático, quiçá de
tecnologias da informação como aparelho celular e computador. Além disso, o
acesso à internet ainda é totalmente restrito, quando não pela inexistência da
internet em algumas localidades, também pela falta de uma rede de internet de
qualidade para todos. Segundo o Centro Regional de Estudos para o
Desenvolvimento da Informação (Cetic.br) na Pesquisa sobre o Uso das
Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros - TIC
Domicílios (2018), cerca de 30% dos domicílios brasileiros não possuem nem
computador, nem internet.
Outras questões influenciam
diretamente a qualidade do ensino na modalidade EaD para a etapa da Educação
Básica, como a falta de formação do professor para esta modalidade e a não
existência de legislação, isto é, de uma proposta regulamentada para o país.
Estas questões evidenciam que a adesão a esta iniciativa improvisada, contribui
para a precarização do trabalho docente, aliada a própria característica de
exclusão, não sendo diferente no cenário da educação macaubense.
Sob essa ótica, podemos afirmar que
uma proposta de Ensino à Distância para esta etapa da Educação contraria o que
está posto na Constituição Federal de 1988, em seu art. 206, que coloca o
ensino a ser ministrado com base no princípio da igualdade de condições para o
acesso e permanência na escola e a garantia do padrão de qualidade, princípio
este reafirmado no art. 3º da Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional –
LDB 9.394/96.
Esta mesma Lei nº 9.394/96 define
que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), deve nortear os currículos dos
sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas e das propostas pedagógicas
de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil, estabelecendo os conhecimentos,
competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao
longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos, políticos e
estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica soma-se
aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação integral e
para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
Por isso, até o presente momento,
apesar das inúmeras discussões, não temos regulamentação para o ensino na
modalidade EaD na Educação Básica para a Bahia, muito menos nos municípios do
interior, a exemplo de Macaúbas. Nossa cidade, inclusive sequer conta com um
Sistema Municipal de Educação, ferramenta que, se existente, serviria para dar
seguimento a essas discussões e possíveis regulamentações.
Sendo assim, diante desta realidade,
as orientações dos órgãos competentes de Educação, bem como das frentes
sindicais e entidades representativas de classe, como a APLB – Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, é que se utilize o ensino remoto
emergencial e solidário apenas para o fortalecimento do vínculo do estudante
com sua instituição de ensino. Isso evita intensificar o processo perverso de
exclusão social, que só contribui para o aumento da evasão escolar. E que nos
preparemos para nos reinventarmos e enfrentarmos as mudanças pós-pandemia.
Referências:
APLB - Orientações
Jurídicas sobre os Impactos do Coronavírus na Educação. Disponível em: <https://www.aplbsindicato.org.br>
Acesso em: 10 Mai 2020
Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) – MEC. Disponível em: <www.basenacionalcomum.mec.gov.br>
Acesso em: 10 Mai. 2020.
TIC Domicilios –
Cetic.br - Disponível em: <https://www.cetic.br>
Acesso em: 10 Mai. 2020.
Texto publicado na coluna mensal de educação do jornal O Brejo. Autora Maria Santos.
*Professora da rede pública municipal, formada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia, especialista em Gestão da Educação e Gestão Pública Municipal. Sindicalista, Diretora na APLB Sindicato de Macaúbas, colaboradora do Jornal O Brejo.
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